domingo, 26 de junho de 2011

Boi tecnológico


Em Parintins, no meio da Floresta Amazônica, o Garantido jogou fora os cronômetros e aposentou as folhas de papel para controlar seus tempos (no ensaio e no bumbódromo) com um programa de computador.

Parece tecnológico demais? Então ouve essa: o software, chamado Juma, tem aplicativos que rodam em terminais acessados pela internet. O nome disso é cloud computing (computação na nuvem) e é o que há de mais moderno em conceito de programação.
Na prática, isso quer dizer que qualquer pessoa com um smartphone pode se conectar à rede wireless “Miscigenação” (tema do Garantido) e acessar o Juma. Lá, dá pra ver o roteiro do que está sendo apresentado e o tempo que falta para terminar.

O matemático e mestre em Ciências da Computação Edjander Mota, 48 anos, criador do bichinho, visitou Parintins pela primeira vez e, como todos nós, se apaixonou pela cidade. No ano seguinte começou a trabalhar no Garantido. “Como não sou artista, virei coordenador de concentração”, conta.
Assim que chegou, passou a desenvolver, em Linux, o Juma (junção de Juruã, cidade do pai, com Maranhão, estado da mãe) e livrou o colega Maurício Nomyama, 58 anos, da cruel função de cronometrar o boi.
Edjander acredita que sua criação está pronta para administrar qualquer espetáculo cênico, de óperas aos Carnavais de Salvador e Rio de Janeiro. “É física pura: velocidade, espaço e tempo”, defende. “A maior preocupação é o boi sair atrasado. O sistema faz projeções para que possamos nos antecipar a isso”.

O software também tem um banco de dados onde estão o número total de alegorias do boi e até de quantos módulos cada uma é composta. No futuro, tarjas magnéticas nos carros e repetidores wireless devem permitir que o programa acompanhe em tempo real a movimentação de todos eles do curral ao bumbódromo, função que pode levar até cinco dias.
Apesar da rivalidade entre o Caprichoso e o Garantido, a ideia é que o Juma seja usado pelos dois, e até por turistas que queiram conhecer Parintins, falta só apoio financeiro. Mas pra quem já fez tudo isso…
Roberto Saraiva

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