domingo, 26 de junho de 2011

Cambistas livres, leves e soltos em Parintins - Ingressos chegaram a mil reais

Segundo cambistas, a média de preços para o festival deste ano, por noite de apresentação no bumbódromo, sai a R$ 250

Suzana Melo
Da equipe de A Crítica
Foto: Euzivaldo Queiroz
Quem vem para o Festival Folclórico de Parintins (a 363 quilômetros de Manaus) sem ingresso e não quem encarar as filas para a área da galera, no bumbódromo, acaba tendo uma única opção para não perder as apresentações dos bumbás: cair na mão dos velhos conhecidos e polêmicos cambistas.


A turma é encontrada com facilidade no Centro e Praça da Prefeitura Municipal, segurando cartazes improvisados feitos em cartolina ou folhas de isopor, anunciando a venda e compra de ingressos. Os mais antigos usam um colete com anúncio. A média de preços para este ano, por noite de apresentação, segundo eles, sai a R$ 250.

Sem se identificar por medo de ações da polícia, um dos cambistas mais antigos na praça diz que vende ingressos a pelo menos 30 anos. “Muitas vezes pensam que a gente chega na Tucunaré (Turismo) e compra vários pacotes pra revender e não é nada disso. O pacote é caro, sai a R$ 570. Para comprar pelo menos dez eu teria que investir mais de R$ 5 mil e ficar três meses com o dinheiro parado. Eu não tenho como fazer isso. Nós apenas compramos de quem desiste e vendemos pra quem não tem ingresso”, explicou.

O grupo de cambistas sentado nos bancos da praça vem de vários lugares: Manaus, Pará, Ceará, Maranhão. Todos alegam que procuram lucro por meio da intermediação de ingressos que sobram, mas garantem: o negócio é uma loteria. “Tem gente que compra o pacote e só pode ficar uma noite, daí vende o resto. Teve uma vez que um barco foi pego pela Capitania dos Postos, em Itacoatiara, e um grupo de 20 pessoas teve que voltar a Manaus. Muitos desistiram e mandaram seus ingressos para serem vendidos. Também teve muito ano que saí daqui no prejuízo. A gente tira R$ 20, R$ 30 em cima de cada ingresso. Se conseguir lucrar R$ 1 mil é porque o festival foi muito bom”, conta outro cambista que diz vir à Parintins a mais de 10 anos.

Fiscalização
De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria de Cultura, o Governo do estado orienta aos turistas a não adquirirem ingressos de cambistas, pelo fato de que, além de ser ilegal, o visitante ainda corre o risco de comprar ingressos falsificados, como ocorreu no último ano. Os cambistas foram identificados e encaminhados à delegacia de Polícia Civil.

A fiscalização da infração é realizada pela Polícia Militar, que apresenta nesta sexta-feira (24), durante uma reunião da coordenação do evento, a proposta de ação de combate a prática para este ano.

De acordo com a empresária Cristina Abraão, proprietária da Tucunaré Turismo - detentora da autorização obtida por meio de licitação para comercializar os ingressos do festival folclórico -, a empresa vende só pacotes. Ela também disponibiliza ingressos por noite para alguns setores. O problema, segundo ela, é que o bumbódromo não comporta mais o tamanho da festa e os ingressos acabam muito rápido. “Quem não se programa fica de fora, mas a gente indica as pessoas que não comprem ingressos de cambistas. No próprio ingresso vem escrito que nós não nos responsabilizamos pelos acessos adquiridos com pessoas não autorizadas, sob risco de não entrar no bumbódromo”, explicou.

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