Neste domingo 12 de junho, dia dos namorados, o Garantido reacendeu a fogueira, no centro do Curralzinho da Baixa de São José, enquanto um grupo de rezadores, orando em latim, pediu bênçãos a Santo Antonio, o Santo Casamenteiro. O momento da ladainha, iniciado há mais de 100 anos pela dona Alexandrinha (Xanda) e seu Marcelo, pais de Lindolfo Marinho da Silva, o Lindolfo Monteverde é um dos desafios da nova geração, em manter viva a história do Vermelho e Branco. Os netos do pescador Lindolfo, Raimundo, Dé, Antonia, Ana, Alcicleia, Cleomara e os bisnetos organizaram o momento. Nem a chuva que castigou Parintins, no começo da noite, tirou o brilho da noite.
Antigamente os catraieiros, carvoeiros, aguadeiros (carregadores de água), oleiros (fabricantes de tijolo), estivadores, pescadores e vaqueiros, que formavam a comunidade da baixa de São José, eram os principais protagonistas da festividade. Com a chegada da tecnologia e a infraestrutura na cidade, hoje, algumas dessas profissões não existem mais, no entanto, na avalia o Coordenador da Comissão de Artes, Fred Góes, os mais novos aprenderam a respeitar, se adaptar e participar do momento.
(Dona Maria, Telo Pinto e João Batista)
Segundo a dona Maria Monteverde, filha de Lindolfo, o pai dela, considerava a ladainha a Santo Antonio e a São João o mais importante na brincadeira. “Nesse momento é de reza, agradecimentos e onde se pede a proteção para os trabalhadores. A saída de rua é uma conseqüência do festival e é válida. Mas a essência é a oração”, comenta dona Maria. Em 2011 para ajudar os mais novos, a coordenação dos rezadores, decidiu colocar um tradutor, porque a oração é feita toda em latim.
João Batista Monteverde, filho de Lindolfo, recordou que em muitos pontos da cidade a luz era feita no carbureto, mas a animação da comunidade sempre foi ativa. “É um sentimento grandioso que pode contar apenas quem se desprende de certos receios (preconceitos) e se entrega a nossa origem”, diz. João Batista tirou versos de desafios e cantou toadas antologicas aos presentes.
Segundo o presidente Telo Pinto, que construiu no ano passado, um novo curral, onde nasceu e se criou Lindolfo Monteverde, o Garantido não perderá a essência das ladainhas e saídas de ruas. “Depois do dia 12, temos o pagamento da promessa no dia 24 de junho e a matança do Boi dia 17 de Julho. A força do Garantido está nesta tradição”, disse.
Após a ladainha os presentes deliciaram tacacá, munguzá, milho cozido, beiju pé de moleque, transformando o momento num verdadeiro arraial. Em seguida teve a apresentação de 100 crianças e adolescentes com idade de 06 a 15 anos, da Batucada Mirim do Garantido e os pequenos itens.
O terceiro momento da programação foi nas ruas. As 21h, de pé no chão, os milhares de torcedores, cantaram e brincaram com o Garantido. “Sou tradição da baixa do São José. Minha raiz é a grande Miscigenação. Da história indígena, que vem sendo contada de avô para neto, geração a geração” refrão da toada “Geração Garantido” de Emerson Faria Maia Junior, contagiou ainda mais a Galera Vermelha e Branca.
Israel Paulain, Sebastião Junior, Tony Medeiros e PA Chaves, acompanhados de outros músicos, impulsionaram os batuqueiros, Comando Garantido no trajeto, no trajeto. O Garantido vai entregando rosas aos namorados e brincando ao redor da fogueira.
texto: Hudson Lima
fotos: Ataide tenório/ Elcio Farias
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