Caprichoso: penas artificiais em favor da vida

Há mais de dez anos, o boi Caprichoso mantém o compromisso social com o meio ambiente e a fauna amazônica. As penas (legítimas) de animais, utilizadas num passado remoto pelo bumbá no Festival Folclórico, foram substituídas por artificiais.

Hoje, os trabalhos são confeccionados por meio de um processo manual/industrial que envolve serigrafia (confecção de telas), corte e colagem. Com isso, as penas ganham forma através do desenho e da pintura. "É um trabalho simples, mais muito exaustivo. Chegamos a confeccionar até 50 mil penas por temporada", afirmou o artista responsável, Renilson Tavares.

O processo de criação é detalhista e envolve uma equipe de 20 pessoas. O trabalho funciona como uma linha industrial, todos operam funções específicas, onde a palavra de ordem é atenção. Tudo para reproduzir com a maior lealdade possível o aspecto natural das penas.

As telas de serigrafia são feitas com organza (espécie de náilon fino e macio), os desenhos são produzidos pelos membros da equipe de Renilson, que aprenderam e aperfeiçoaram o ofício acompanhando o trabalho do artista.

Os desenhos remontam a originalidade das aves amazônicas de acordo com a prescrição do Conselho de Arte, que elabora o projeto geral e individual das indumentárias de tribo e itens do boi, que representam personagens da história indígena que se utilizava de diversas penas de animais para enfeitar o corpo nos rituais e festas.

Diariamente são estendidas até 10 mil 'cortinas' de organza pintadas com os desenhos em várias cores e estilos. Após a pintura e secagem das peças acontece o processo manual de corte para, enfim, receberem o tratamento final no galpão central. A iniciativa do bumbá azul foi lembrada pela gerente local do IBAMA, Brenda Santos Soares, durante um encontro do órgão com os segmentos sociais de Parintins para lançar a temporada 2011 da campanha Não tire as penas da vida, que existe há dez anos e é intensificada no período do festival.

"É importante esse tipo de consciência. Dessa forma, o 'boi' reafirma seu compromisso com a vida. Hoje, comprar penas de animais é crime, está na lei", ressaltou Brenda. Na atualidade, enquanto o mundo inteiro se volta para a preservação do meio ambiente em discursos partidários ou políticos, a Associação Folclórica Boi Bumbá Caprichoso sai do mundo ideológico e desenvolve ações práticas há mais de dez anos não em defesa da fauna e da flora.

Imprensa Caprichoso

Fotos: Wanderley Silva