Coca-Cola vai investir em suco de frutas amazônicas

Anúncio oficial deve ser feito pelo presidente da The Coca-Cola Company, Muhtar Kent, durante o Festival de Parintins

A Coca-Cola Brasil aposta no sabor das frutas amazônicas para ganhar o mercado nacional e mundial de sucos prontos. A multinacional está investindo, este ano, numa nova frente de produção ancorada em sucos de frutas regionais amazônicas como açaí, cupuaçu, graviola, taperebá, camu-camu. A Del

Valle é a marca oficial de sucos embalados da Coca-Cola.

A informação foi anunciada na semana passada pelo governado Omar Aziz, durante um evento em Iranduba (a 27 quilômetros a sudoeste de Manaus). Segundo Omar, o presidente da The Coca-Cola Company, Muhtar Kent, virá ao Amazonas para participar do Festival Folclórico de Parintins (24,25 e 26 de junho), quando anunciará as novidades comerciais da marca.

Os sabores ainda estão em fase de testes. De 250 testes com frutas regionais, 25 foram selecionadas, das quais cinco serão escolhidas para serem industrializadas. Semana passada os técnicos estiveram em Manaus tratando do novo processo de produção. “É importante porque será criada uma nova cadeia produtiva. No primeiro momento do projeto, vamos ter as frutas do Amazonas, aproveitando o suco para engarrafar e vender e em 2012, 2013 implantar indústria em Manaus”, explicou o governador.

Rio Preto da Eva

A instalação da fábrica, que irá produzir xaropes concentrados das frutas, poderá ser na capital, Manaus, ou em Rio Preto da Eva (a 57 quilômetros a nordeste de Manaus), de acordo com o secretário de Produção Rural, Eron Bezerra. Ele garantiu que a matéria-prima será extraída do Amazonas. O envasamento dos sucos deve ser feito em outro estado, como o Espírito Santo, onde já são fabricados os sucos da Del Valle.

A Coca-Cola faz segredo sobre o negócio. A empresa informou apenas que está sempre analisando oportunidades de investimento em diversos setores e que, no entanto, não há qualquer lançamento previsto no momento. O Grupo Simões de Manaus, sócio da Recofarma - única unidade brasileira que produz o concentrado de refrigerantes da marca - também foi taxativo ao dizer que não há planos de investimentos.

Investimentos

O deputado federal Pauderney Avelino, que participou de uma reunião com o governador e os executivos da Coca-Cola, afirmou que os investimentos iniciais serão superiores a US$ 10 milhões. No entanto, ainda não há definição sobre o número de empregos que serão gerados, uma vez que a empresa ainda está estudando esse novo mercado. “A seleção e o engarrafamento deve ser feito fora, o que iria em tonéis. O sistema é parecido com açúcar mascavo que faz o concentrado do refrigerante”, acrescentou.

O diretor da Federação das Indústrias do Amazonas (Fieam), Flávio Dutra, também confirmou o interesse da companhia em investir no Estado e no mercado crescente de sucos, seguindo o apelo mundial de alimentação mais saudável.

 Cadeia produtiva organizada

Investir na cadeia produtiva de frutas regionais é o trabalho planejado pela Secretaria de Produção Rural (Sepror) para atender novas aquisições locais no setor. “Vamos sentar com pessoal da Coca para organizar essa cadeia produtiva. Não temos problema com matéria-prima, nem com potencial produtivo. Em grande escala, teríamos que fazer alguns ajustes”, disse o secretário da Sepror, Eron Bezerra.

Ele disse que a Comunidade de Novo Remanso, em Itacoatiara, produz 40 milhões de unidades de abacaxi por ano. Já o açaí é extraído de municípios como Codajás, Coari e Manacapuru, ainda de forma nativa. “Queremos incentivar o açaí cultivado, assim como o guaraná. Com as mudas melhoradas da Embrapa tivemos a experiência que elas podem produzir 1,5 mil quilos por hectare”, exemplificou.

Testes

O teste biológico com frutas foi feito em Atlanta (EUA). Agora é hora do teste comercial. “Nos interessa é que definam o que querem industrializar”, concluiu.